Modesto Telescópio Terrestre Fotografa Três Exoplanetas

Astrónomos capturaram uma imagem de três planetas em órbita de uma estrela para lá do Sistema Solar usando um telescópio terrestre de tamanho modesto. O feito surpreendente foi alcançado por uma equipa do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA, ao usar uma pequena porção do Telescópio Hale do Observatório Palomar.
Os planetas já tinham sido fotografados por dois dos maiores telescópios terrestres do mundo -- por um dos dois telescópios de 10 metros do Observatório Keck e pelo telescópio de 8 metros do Observatório Gemini Norte, ambos em Mauna Kea, Hawaii. Os planetas, que orbitam a estrela HR 8799, estiveram entre os primeiros a ser observados directamente, numa descoberta anunciada em Novembro de 2008.
A nova imagem dos planetas, obtida, tal como anteriormente, no infravermelho, foi capturada usando apenas uma porção de 1,5 metros do espelho do Telescópio Hale. A equipa de astrónomos fez imensos esforços no desenvolvimento de nova tecnologia, até ao ponto de usarem apenas um telescópio assim tão pequeno. Depois, combinaram duas técnicas -- ópticas adaptivas e um coronógrafo -- para minimizar o brilho da estrela e revelar o brilho dos planetas muito mais ténues.
"A nossa técnica poderá ser usada em telescópios terrestres maiores, para fotografar planetas que estão muito mais perto das suas estrelas-mãe, ou poderá ser usada em pequenos telescópios espaciais para descobrir mundos tipo-Terra perto de estrelas brilhantes," afirma Gene Serabyn, astrofísico do JPL em associação com o Instituto de Tecnologia da Califórnia. Serabyn é o autor principal do artigo científico que reporta as descobertas na edição de 15 de Abril da revista Nature. Pensa-se que os três planetas, denominados HR8799b, c e d, sejam gigantes gasosos como Júpiter, mas mais massivos. Orbitam a sua estrela a aproximadamente 24, 37 e 68 vezes a distância entre a Terra e o Sol, respectivamente (Júpiter orbita a 5 vezes a distância Terra-Sol). É possível que mundos rochosos orbitem mais perto da estrela, mas com a tecnologia actual, são impossíveis de ver devido ao seu brilho.
A estrela HR 8799 é um pouco mais massiva que o nosso Sol, mas muito mais jovem, com cerca de 60 milhões de anos, em comparação com os mais ou menos 4,6 mil milhões de anos do Sol. Está a 120 anos-luz de distância na direcção da constelação de Pégaso. O sistema planetário desta estrela é ainda activo, com corpos em colisão e expelindo poeira, recentemente detectada pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA. Tal como pão acabado de fazer, os planetas estão ainda quentes da sua formação e emitem suficiente radiação infravermelha para serem observados pelos telescópios.
Para obter uma imagem dos planetas de HR 8799, Serabyn e seus colegas usam ao início um método chamado ópticas adaptivas para reduzir a quantidade de desfocagem atmosférica, ou para retirar o "cintilar" da estrela. Esta técnica foi optimizada ao usar apenas uma pequena parte do telescópio. Após removerem o cintilar, a luz da própria estrela foi bloqueada usando o coronógrafo da equipa, um instrumento que selectivamente tapa a estrela. Um novo "coronógrafo vórtice", inventado pelo membro da equipa Dimitri Mawet do JPL, foi usado neste passo. O resultado final foi uma imagem que mostra a luz dos três planetas.
"O truque está em suprimir a luz estelar sem suprimir a luz planetária," afirma Serabyn. A técnica pode ser usada para observar o espaço a apenas uma fracção de grau da estrela (cerca de um grau dividido por 10.000). Esta separação angular é mais ou menos a mesma atingida pelo Gemini e pelo Keck -- telescópios que são, respectivamente, cinco e sete vezes maiores. Manter os telescópios pequenos é muito importante para as missões espaciais. "Este é o tipo de tecnologia que conseguirá fotografar outras Terras," afirma Wesley Traub, líder científico do Programa de Exploração Exoplanetária do JPL. "Estamos a caminho de obter uma imagem de outro pálido ponto azul no espaço."

Fonte:ccvalg.pt

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