SGR 1627-41, um zumbi cósmico

As áreas em vermelho representam os detritos da estrela que explodiu, deixando apenas uma parcela do seu núcleo, que se recusa a morrer. "Uma classe extremamente rara de zumbi estelar, cada um deles sendo o coração morto de uma estrela que se recusa a morrer." Assim os astrônomos definiram os corpos celestes inusitados que eles acabaram de estudar utilizando o telescópio espacial XMM-Newton. Por enquanto foram localizados apenas cinco desses zumbis estelares, quatro em nossa Via Láctea e um na Grande Nuvem de Magalhães. Cada um desses corpos celestes mede entre 10 e 30 quilômetros de diâmetro e contém nada menos do que duas vezes a massa do Sol. Os zumbis cósmicos são remanescentes dos núcleos de estrelas que explodiram, conhecidas como estrelas de nêutrons. O nome técnico dos zumbis estelares é SGR (Soft Gamma-ray Repeaters). O que diferencia os SGRs das estrelas de nêutrons é que eles possuem campos magnéticos até 1.000 vezes mais intensos do que os campos magnéticos dessas estrelas. É por isso que os astrônomos os chamam de magnetares. Um desses magnetares, o SGR 1627-41, foi observado há dez anos atrás, quando ele emitiu cerca de 100 pulsos de raios X em um período de seis semanas. Mas ele desapareceu subitamente, antes que um telescópio de raios X pudesse medir sua rotação. Em meados do ano passado ele voltou à vida e ficou ativo por outros quatro meses. Inicialmente não foi possível estudá-lo, porque o telescópio XMM-Newton deve manter seus painéis solares voltados para o Sol, o que impedia que ele fosse apontado para a região onde estava o magnetar. Os astrônomos então esperaram que a Terra se movesse, levando com ela o telescópio espacial, até chegar a um ponto em que o XMM-Newton pudesse ser apontado diretamente para o zumbi estelar antes que ele desaparecesse de novo. Os astrônomos verificaram que o magnetar dá uma volta em torno de seu próprio eixo a cada 2,6 segundos. "Isto o torna o magnetar com a segunda maior taxa de rotação conhecida," explica o Dr. Sandro Mereghetti, um dos autores do estudo. Os pesquisadores ainda não sabem exatamente o que faz com que esses objetos tenham campos magnéticos tão fortes. Uma das hipóteses é que eles nasceram girando ainda mais rapidamente, uma vez a cada 2 ou 3 milissegundos. As estrelas de nêutrons tradicionais nascem girando pelo menos 10 vezes mais lentamente. A rápida rotação, combinada com padrões de convecção em seu interior, dá a ele um dínamo interno extremamente eficiente, capaz de gerar esse tremendo campo magnético. Agora os astrônomos vão esperar pacientemente até que esse zumbi cósmico brilhe de novo. Então será possível medir novamente sua taxa de rotação e verificar se ele está desacelerando e se isto altera o seu campo magnético.
Fonte: Inovação Tecnológica & ESA/XMM-Newton

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