Pode haver vida em exoplanetas que orbitam estrelas maiores que o Sol?

É possível a formação de mundos em volta de estrelas massivas da classe A e B?
Os exobiólogos há muito especulam sobre vida extraterrestre em exoplanetas que orbitam estrelas como o nosso Sol (das classes espectrais G e K), mas ultimamente tem-se também pensado a respeito das estrelas da classe M (anãs vermelhas). Seriam as anãs vermelhas cercadas de algum exoplaneta habitável? Ou alguma exolua? Vamos deixar as anãs vermelhas para outro debate…Assim, vamos tratar aqui do outro extremo estelar e responder a pergunta:
Seriam as estrelas das classes A e B, 2 a 15 vezes mais massivas que o Sol, candidatas a hospedar exoplanetas habitáveis?
Agora, um novo estudo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) junto com o National Optical Astronomy Observatory (NOAO) nos conta que exoplanetas podem ser formar prontamente em torno destas estrelas massivas, conforme apresentado por Xavier Koenig (CfA) no 215° encontro da AAS, no início de janeiro de 2010, em Washington.
Koenig disse “Nós vemos evidências de formação planetária em alta velocidade”.

Como formar exoplanetas em estrelas tão intensas?

É importante que não sejamos iludidos: as estrelas massivas representam um ambiente extremamente desafiador para a formação planetária. Seus discos de matéria podem conter bastante material útil para a construção de mundos, mas sua intensa radiação acrescida de seus poderosos ventos estelares têm a capacidade de destruir os discos em curto espaço de tempo, logo no início da formação destes sistemas.
Koenig e sua equipe observaram a formação estelar no berçário estelar W5, 6.500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Cassiopéia, utilizando tanto o telescópio espacial SPITZER como os dados do recenseamento estelar Two Micron All-Sky Survey (2MASS). Os cientistas focaram nas evidencias em infravermelho de presença de discos de poeira em uma lista contendo 500 estrelas das classes A e B.
Quais foram os resultados? Cerca de 10% das 500 estrelas examinadas mostram a presença de discos de matéria e deste grupo apenas 15 mostraram algum sinal de uma atividade de limpeza na parte central do disco que poderia indicar a presença de um jovem exoplaneta gigante gasoso.
Nesta concepção artística de David Aguilar, vemos a formação de um exoplaneta do tamanho de Júpiter a partir de um disco de poeira e gás envolvendo uma estrela jovem e massiva. A intensa gravidade do exoplaneta criou um hiato no disco. Das 500 estrelas examinadas no berçário estelar W5, apenas 15 mostraram evidências da presença de hiatos nos seus discos de matéria que possivelmente foram provocados pela existência de exoplanetas massivos recém formados. Crédito: David A. Aguilar, CfA

Lori Allen (NOAO) explicou:

“A gravidade de um objeto tão massivo quanto Júpiter poderia facilmente limpar da parte interna do disco de poeira em um raio de 10 a 20 unidades astronômicas, que foi o que observamos”.

Formação em alta velocidade

O que estudamos nesta pesquisa são estrelas bem jovens, entre 2 e 5 milhões de idade e é possível que a maior parte delas tenha já perdido as matérias primas necessárias a formação de exoplanetas. As estrelas tipo A e B têm que formar seus planetas de forma bem rápida ou não conseguirão formar absolutamente nenhum planeta em seus sistemas.
Além disso, se a formação planetária em volta de tais estrelas massivas pode ser vista como um jogo de forças antagônicas (vastos ingredientes formadores x ventos estelares devastadores), as chances para a vida alienígena lá se desenvolver não recebe vantagem alguma nos cenários lá encontrados. Estas estrelas massivas têm uma vida útil muito curta, permanecendo na seqüência principal de 10 a 500 milhões de anos antes de esgotar o hidrogênio de seus núcleos e crescer perigosamente, tornando-se supergigantes vermelhas que esterilizam quaisquer mundos (exoplanetas e exoluas) que porventura tenham se formado ao seu redor. Assim, seu ciclo de vida apresenta uma janela mínima, talvez curta demais para o desenvolvimento da vida animal complexa como a que temos aqui em nossa Terra.

Fontes:Centauri Dreams, Universe Today

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