Espasmos Estelares

Quando uma onda de choque da supernova 1987 atingiu um anel de gás preexistente, regiões quentes emitiram um intenso brilho. Na imagem menos a nebulosa Olho de gato que é uma das mais complexas, supostamente criada pela morte de uma estrela semelhante ao sol.
 
A física estelar prevê que uma estrela com massa entre oito e 20 vezes a do Sol termine seus dias numa explosão de supernova. Quando seu combustível se exaure, abruptamente ela perde a longa luta para segurar seu próprio peso. Seu núcleo entra em colapso para formar uma estrela de nêutrons - um corpo inerte e hiperdenso - e as camadas exteriores de gás são ejetadas a 5% da velocidade da luz. Entretanto, tem sido difícil testar essa teoria, pois desde 1680 nenhuma supernova ocorreu em nossa galáxia. Porém, em 23 de fevereiro de 1987 os astrônomos presenciaram um evento quase ideal: uma supernova em uma das galáxias-satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães.
 
O Hubble foi lançado só três anos depois, mas a partir daí ele pôde acompanhar a evolução da explosão. Ele não tardou a descobrir um sistema com três anéis ao redor da estrela moribunda. O anel central parece ser a cintura estreita de uma emissão de gás em forma de ampulheta, e os anéis maiores são as bordas dos dois lóbulos em forma de gota, evidentemente criados pela estrela algumas dezenas de milhares de anos antes de explodir. Em 1994, o Hubble começou a ver uma seqüência de pontos iluminados ao longo do anel central: eram as ejeções da supernova que atingiam esse anel. Ao contrário das estrelas de alta massa, astros como o Sol têm morte mais serena: eles ejetam suas camadas exteriores de gás em um processo não-explosivo que leva cerca de 10 mil anos.
 
Ao ser gradualmente exposto, o núcleo central quente da estrela emite radiação que ioniza o gás ejetado, criando nele um feérico brilho esverdeado (emitido por oxigênio ionizado) e avermelhado (hidrogênio ionizado). Por razões históricas, o resultado é erroneamente chamado de nebulosa planetária. Conhecem-se cerca de 2 mil delas atualmente. O Hubble revelou algumas extraordinariamente complexas, com detalhes sem precedentes.
 
Algumas dessas nebulosas exibem um conjunto de anéis concêntricos que lembram um olho-de-boi, e possivelmente indicam que o processo de ejeção talvez não fosse contínuo, e sim episódico. Estranhamente, calcula-se o tempo transcorrido entre os episódios de ejeção em cerca de 500 anos, período longo demais para ser explicado por pulsações dinâmicas (em que a estrela contrai e expande, num conflito brando entre a gravidade e a pressão do gás) e muito curto para representar pulsações térmicas (em que a estrela é levada para fora do equilíbrio). A natureza exata dos anéis observados é, portanto, desconhecida.
Fonte:Scientific American-Brasil

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