Cefeidas em casulos

Uma equipe internacional de astrofísicos utilizou os interferómetros VINCI e MIDI do VLT (ESO), juntamente com o interferómetro CHARA (no observatório de Mount Wilson) para detectar a presença de "casulos" de material em torno de três estrelas cefeidas, entre as quais se inclui a estrela polar.

Modelo da estrela L Carinae em duas bandas do infravermelho diferentes. Estas imagens de síntese foram construídas a partir das observações de interferometria. O material que circunda esta estrela tem um brilho equivalente a 5% do brilho da própria estrela; esta última possui uma luminosidade 17000 vezes superior à do Sol. A escala em ambas as imagens corresponde a 3 mili-segundos-de-arco, tal equivale ao diâmetro angular de uma casa na Lua, como vista por nós. Cortesia do ESO.

As estrelas cefeidas são estrelas super-gigantes amarelas, de massa elevada, e cujo brilho varia de forma periódica à medida que a estrela pulsa. Mas a sua grande importância deve-se ao facto de o período desta pulsação estar muito bem correlacionado com o seu brilho intrínseco. Assim, se medirmos o brilho (magnitude) aparente de uma cefeida, e determinarmos o período da sua pulsação, podemos conhecer a sua luminosidade, e assim determinar a distância a que a estrela se encontra de nós. Este facto, conjuntamente com a sua grande luminosidade, faz das cefeidas excelentes indicadores de distâncias para objectos no Universo distante. O estudo destas estrelas é no entanto uma tarefa complicada. 

Embora sejam estrelas gigantes (com um raio que é dezenas ou mesmo centenas de vezes maior do que o do Sol, e um brilho milhares de vezes superior ao da nossa estrela), encontram-se tipicamente a grande distância de nós. A única forma que temos de observar o seu disco é recorrendo a técnicas de interferometria, em que a luz de vários telescópios é combinada, com o objectivo de obter "imagens" com uma resolução equivalente às obtidas com um telescópio que tivesse um diâmetro equivalente à distância entre os vários telescópios usados.  Foi exactamente isto que uma equipa internacional de astrofísicos fez.

Utilizando dois interferómetros (o do VLT, no Chile, e o CHARA, nos Estados Unidos da América), os investigadores mediram com sucesso o diâmetro de várias estrelas cefeidas em comprimentos de onda do infravermelho próximo. Mas para sua surpresa, para três destas estrelas (L Carinae, a Polar e a Delta Cephei) a análise dos dados de interferometria mostrou a presença de um envelope de matéria, separado destas por uma distância equivalente a dois e três raios estelares.  Embora não seja ainda certo, os astrofísicos pensam que estes "casulos" de gás tenham sido formados por matéria expelida pela própria estrela. A existência destes "casulos" de gás poderá assim estar associada ao processo de pulsação, durante o qual se geram movimentos na atmosfera destas estrelas da ordem dos 100000km/ hora.

Fonte: http://www.oal.ul.pt/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cavalo-marinho cósmico

Mu Cephei

Eta Carinae

Fobos sobre Marte

Nebulosa Crew-7

Agitando o cosmos

Isolamento galáctico

Júpiter ao luar

Galáxia Messier 101

A Lagoa Profunda