Impactos cometários podem ser resposáveis pela atmosfera de Titã

De acordo com experiências, um desconhecido número de impactos cósmicos pode ter criado a misteriosa e espessa atmosfera da maior lua de Saturno, Titã. Titã sempre sobressaiu como a única lua no Sistema Solar com uma atmosfera substancial. De facto, a pressão à superfície em Titã é 50% maior que a pressão cá na Terra. O ingrediente principal da atmosfera de Titã é nitrogénio, tal como no nosso planeta. De onde este hidrogénio veio há muito tempo, é tema de debate. Por exemplo, pode ser primordial, acumulando-se à medida que Titã se formava, ou pode ter aparecido mais tarde.

Cometas podem ter criado a atmosfera rica em nitrogénio de Titã.Crédito: NASA, JPL, J. Major

Em 2005, a sonda Huygens, transportada pela Cassini até Saturno, excluiu uma origem primordial para este nitrogénio. A atmosfera de Titã aparentemente tem níveis extremamente baixos do isótopo argón-36, enquanto numa atmosfera primordial rica em nitrogénio seria de esperar níveis altos. Existem várias explicações para como este nitrogénio atmosférico se pode ter formado após o nascimento de Titã. Por exemplo, a luz solar pode ter quebrado a amónia na atmosfera, uma molécula constituída por nitrogénio e hidrogénio. No entanto, quase todas estas sugestões requerem que Titã se tenha formado a temperaturas relativamente altas, o que poderia ter levado a lua a diferenciar-se num manto rochoso e num manto gelado, e os estudos de radar da Cassini sugererem que Titã não está completamente diferenciado. Cometas repletos de nitrogénio podem tê-lo trazido para Titã, mas também levariam a níveis mais altos de argón-36 que os observados. Agora, cientistas no Japão sugerem que inúmeros asteróides e cometas colidiram com a amónia gelada em Titã e a podem ter convertido em nitrogénio gasoso ao longo de várias centenas de milhões de anos após a formação da lua.  "Os nossos resultados sugerem que impactos hipervelozes desempenharam um papel fundamental," afirma Yasushito Sekine, cientista planetário da Universidade de Tóquio. Durante uma era apelidada de "Último Grande Bombardeamento", há cerca de 4 mil milhões de anos trás, o Sistema Solar era tal e qual uma galeria de tiro, onde impactos cósmicos regularmente despedaçavam planetas e luas. Para saber se tais impactos conseguiriam transportar energia suficiente para converter amónia gelada em nitrogénio, os investigadores usaram lasers e "balas" de ouro, platina e folhas de cobre. Os feixes vaporizaram a parte de trás das balas, impulsionando-as a altas velocidades para alvos feitos de amónia e água gelada. Os cientistas descobriram que a "amónia é facilmente convertida em moléculas de nitrogénio por impactos," afirma Sekine. Calcularam que 330 biliões de toneladas de material impactante podem ter produzido a quantidade actual de nitrogénio observado em Titã, "uma massa plausível de impactantes durante o Último Grande Bombardeamento," afirma Catherine Neish, cientista planetária da Universidade Johns Hopkins, que não fez parte da investigação. "É uma nova e interessante hipótese," afirma Neish. "A separação das diferentes hipóteses requer um conhecimento mais detalhado da estrutura interna de Titã, da composição dos cometas e/ou de outros satélites saturnianos." Ela sugere que uma missão futura a um cometa pode muito provavelmente proporcionar evidências chave que ajudem a confirmar ou a refutar a ideia. Uma questão seria a de saber onde estão todas as crateras de tais impactos. Titã tem apenas cerca de 50 crateras reconhecidas, afirma Neish. "Será que isto implica que a superfície Titã é muito jovem?", questiona-se, sugerindo que uma superfície jovem pode ter coberto a maioria das cratera em Titã.
Os cientistas explicam os seus achados na edição de 8 de Maio da revista Nature Geoscience.
Fonte: http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2011/05/10_impactos_tita.htm

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