Planeta provoca marés em sua estrela, fazendo com que superfície reaja à sua gravidade como os oceanos da Terra à ação da Lua

Astrônomos acreditam ter observado a superfície de uma estrela distante subindo e descendo em resposta à gravidade de um planeta em sua órbita, assim como a Lua "puxa" para cima e para baixo os oceanos da Terra. Já se sabia que o planeta, que orbita a estrela Wasp 18, na constelação da Fênix, induziria grandes marés em sua estrela, já que tem massa dez vezes maior do que a de Júpiter e está muito próxima dela, completando um órbita em menos de um dia .  O planeta está a cerca de 320 anos-luz do Sol, e foi descoberto em 2009. Ele acusou sua existência pela primeira vez passando entre a Terra e a própria estrela, provocando uma diminuição no seu brilho observado por telescópios terrestres. Os astrônomos então confirmaram sua existência ao detectarem pequenas variações em na luz da Wasp 18 devido ao efeito Doppler causado pela gravidade do planeta puxando e afastando a estrela da Terra. Este efeito é similar ao que acontece com o som da sirene de uma ambulância, que fica mais agudo a medida que ela se aproxima e mais grave quando se afasta. Mas a órbita do planeta sempre apresentou um quebra-cabeça. No caso de planetas muito próximos de suas estrelas, a força das marés é tão grande que muda sua órbita de uma elipse, como a dos planetas no Sistema Solar, para um círculo.   Para órbitas tão próximas, as marés tentarão tirar a energia da porção não circular da órbita e depositá-la na estrela ou no planeta na forma de calor - explica Phil Arras, astrônomo da Universidade da Virgínia. Ainda assim, porém, os dados do efeito Doppler indicavam que o planeta tinha uma órbita levemente elíptica, similar à de Netuno. Arras e seus colegas acreditam que agora têm uma explicação para esta anomalia. Segundo eles, a órbita do planeta é circular e o efeito na luz da estrela que faz com que ela pareça elíptica é causado pelos altos e baixos de sua superfície provocado pela maré. Dessa forma, quando a superfície da Wasp 18 sobe em direção da Terra, seu espectro fica mais azul, enquanto que quando ela empurrada para mais longe de nosso planeta, ele fica mais vermelho. A descoberta foi submetida para um periódico da Royal Astronomical Society e publicada em um serviço online para artigos científicos.  Sendo um sistema tão extremo, sabíamos que seria um bom teste para a teoria relacionada à maré - diz David Anderson, astrônomo da Universidade Keele, no Reino Unido, que participou da descoberta do planeta mas não está envolvido neste último estudo sobre ele.  De todos os planetas extrassolares já conhecidos, o que orbita a Wasp 18 é o que provoca as maiores marés. A equipe de Arras calcula que a superfície da estrela sobe e desce a uma velocidade de 30 metros por segundo, facilmente detectável com os atuais instrumentos. NO ano passado, astrônomos relataram que marés planetárias deformavam a estrela HAT-P-7, provocando mudanças em sua luminosidade dependendo do ângulo em que ela era observada. Mas se Arras e seus colegas estiverem corretos, a Wasp 18 representa o primeiro caso em que os cientistas de fato puderam observar a superfície de uma estrela subir e descer em resposta à gravidade de um planeta. Tanto Anderson quanto Arras, porém, esperam mais observações para confirmar a ideia das marés. Segundo Arras, uma reanálise detalhada dos dados pode revelar uma assinatura que ajude a distinguir os movimentos de marés das órbitas elípticas.
Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia

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