Asteroide passa pela Terra e engana cientistas por quase 30 anos

Imagem registrada pelo telescópio Spitzer mostra uma sutil coma e cauda detectada ao redor do asteroide-cometa 3552 Don Quixote. A imagem da direita foi pós-processada com o objetivo de subtrair a coma do cometa para facilitar a detecção da cauda. Crédito: NASA/JPL- altech/DLR/NAU, Apolo11.com.
 
Em agosto de 1983, um asteroide com mais de 18 km de comprimento passou a 44 milhões de km da Terra e foi observado por dezenas de telescópios terrestres. Agora, passados 30 anos, pesquisadores descobriram que o objeto não era um asteroide e sim cometa que ainda está ativo. Batizado de 3552 Don Quixote, o objeto se aproximou da Terra em 20 de agosto de 1983 e de acordo com dados fornecidos pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, JPL, é o terceiro maior asteroide nas vizinhanças do planeta.

A descoberta de que Don Quixote é um cometa e não um asteroide resultou de um projeto coordenado por cientistas da Northern Arizona University, nos EUA, que usaram imagens no espectro infravermelho registradas pelo Telescópio Espacial Spitzer, da NASA.
 
Através de uma análise minuciosa, os pesquisadores encontraram evidências de atividade cometária que escaparam de detecção por três décadas. Os resultados indicam que Don Quixote não é um cometa morto como se acreditava até agora, mas apresenta uma sutil coma e cauda formada pela liberação de dióxido de carbono e possivelmente pela sublimação de parte da grande quantidade de água em forma de gelo que compõe sua estrutura.
 
A detecção do dióxido de carbono ejetado por Don Quixote exigia muita sensibilidade nos comprimentos de onda infravermelhos e não teria sido possível usando os telescópios terrestres existentes na época da aproximação", disse o cientista Michael Mommert, que iniciou as pesquisas do cometa junto ao Centro Aeroespacial da Alemanha. Para o pesquisador, a descoberta mostra que o dióxido de carbono e água congelada podem estar presentes em outros asteroides próximos da Terra.
 
No entender de David Trilling, coautor do estudo junto à Northern Arizona University, as implicações da descoberta têm menos a ver com a possibilidade de impacto, o que é extremamente improvável, e mais com a origem da água na Terra. Para ele, ao longo do tempo geológico os impactos de cometas como Don Quixote podem representar uma boa parte da água existente na Terra e a quantidade em Don Quixote representa cerca de 100 bilhões de toneladas de água - mais ou menos a mesma quantidade que pode ser encontrada no lago Tahoe, na Califórnia.

Apesar das grandes dimensões e forte capacidade de destruição caso ocorra um impacto contra a Terra, as chances de isso ocorrer são totalmente descartadas. A próxima passagem de Don Quixote nas cercanias do planeta está prevista para agosto de 2053, quando a rocha cometária vai passar a 67 milhões de quilômetros de distância.

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