Conjunto de 34 telescópios espaciais vai procurar exoplanetas parecidos com a Terra

A agência espacial europeia ESA acaba de dar luz verde a uma missão pioneira, baptizada PLATO, de procura de planetas extra-solares potencialmente habitáveis.
O lançamento em 2024 de um inovador observatório espacial, cujo objectivo é descobrir quão comuns são no Universo os planetas como a Terra para depois determinar se possuem condições para o aparecimento de vida, acaba de ser aprovado pela agência espacial europeia ESA, anunciaram em comunicado o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL), que participam neste projecto.  A missão, baptizada PLATO (PLAnetary Transits and Oscillations of stars – ou, em português, “trânsitos planetários e oscilações estelares”), está integrada no programa Visão Cósmica de exploração do Universo da ESA.  O PLATO é composto por 34 pequenos telescópios, montados numa plataforma dentro de um satélite e equipados com câmaras e sensores de tecnologia de topo. Os telescópios podem funcionar juntos ou separadamente, o que confere ao conjunto uma capacidade sem precedentes de ver simultaneamente objectos brilhantes e ténues. E deverão observar, durante seis anos, até um milhão de estrelas, à procura de planetas em seu redor. A detecção de planetas será realizada utilizando o método dito “dos trânsitos”, que detecta as ligeiras variações periódicas da luminosidade estelar provocadas pela passagem de um planeta à sua frente.

O novo observatório espacial deverá ainda permitir medir as oscilações de luminosidade causadas pelas vibrações no interior de dezenas de milhares de estrelas. Estes dados de “astrossismologia” serão usados para calcular o raio, a massa e a idade dessas estrelas. “A detecção de oscilações num número tão elevado de estrelas vai fornecer [em particular] informações fundamentais acerca dos processos físicos que têm lugar no seu interior, permitindo melhorar os
modelos teóricos de evolução estelar”, diz Margarida Cunha, do CAUP, coordenadora do grupo de trabalho de diagnósticos sísmicos da missão.

O PLATO deverá permitir a elaboração do primeiro catálogo de exoplanetas potencialmente habitáveis – ou seja, de planetas extra-solares rochosos onde é expectável que exista, à superfície, água em estado líquido, indispensável à vida. No total, espera-se que o catálogo venha a conter as características precisas – raio, densidade, composição, atmosfera e fase de evolução – de milhares de exoplanetas, incluindo “gémeos” da Terra. Só a determinação simultânea da massa e do raio de um planeta permite, de facto, saber se se trata de um planeta gasoso ou de um planeta rochoso com um núcleo de ferro, como a Terra, lê-se ainda no comunicado.

O catálogo servirá de base para futuros estudos, em que a existência dos planetas descobertos pelo PLATO irá ser confirmada por grandes telescópios como o E-ELT (European Extremely Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul (no Chile) ou o Telescópio Espacial James Webb da NASA e da ESA.  O PLATO ficará posicionado a 1,5 milhões de quilómetros de nós, num ponto do espaço diametralmente oposto ao Sol em relação à Terra. Daí, irá acompanhar a órbita terrestre e transmitir, em média, 109 Gigabytes de dados por dia.
Fonte: Publico.pt

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