VISTA revela detalhes da Nebulosa Trífida e descobre duas estrelas variáveis Cefeidas distantes por trás da nuvem cósmica

http://www.eso.org/public/images/eso1504a/
Este pequeno pedaço da imagem do rastreamento VVV do VISTA das regiões centrais da Via Láctea mostra a famosa Nebulosa Trífida à direita do centro. A nebulosa surge bastante tênue e fantasmagórica a estes comprimentos de onda do infravermelho, quando comparada com a sua imagem mais familiar no espectro visível. Esta transparência tem os seus benefícios, uma vez que objetos de fundo previamente impossíveis de observar podem agora ser vistos claramente. Entre eles estão duas estrelas variáveis Cefeidas recém descobertas, as primeiras encontradas até hoje do outro lado da Galáxia, próximo do plano central. Créditos: ESO / VVV consortium/D. Minniti
Uma nova imagem obtida com o telescópio de rastreio do ESO, o VISTA, revela a famosa Nebulosa Trífida de maneira diferente e fantasmagórica. Ao observar no infravermelho, os astrônomos podem ver para além das regiões centrais da Via Láctea obscurecidas por poeira e descobrir muitos objetos invisíveis a outros comprimentos de onda. Numa pequena parte de um dos rastreios do VISTA, os astrônomos descobriram duas estrelas variáveis Cefeidas, desconhecidas até agora e muito distantes, que se situam quase diretamente por detrás da Trífida. Estas são as primeiras estrelas deste tipo a serem descobertas no plano central da Via Láctea para além do bojo central.
http://www.eso.org/public/images/eso1504b/
Nesta versão anotada da imagem estão marcadas as posições das  duas estrelas variáveis Cefeidas descobertas pelo VISTA. Créditos: ESO / VVV consortium/D. Minniti

telescópio VISTA, instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, tem por objetivo rastrear e mapear as regiões centrais da Via Láctea no infravermelho, em busca de novos objetos, no céu meridional. Este rastreio VVV (sigla de Variáveis VISTA na Via Láctea) observa várias vezes as mesmas regiões do céu no intuito de descobrir objetos que variam de brilho ao longo do tempo. Foi utilizada uma pequena fração da enorme base de dados do VVV para criar esta nova imagem de um objeto famoso, a região de formação estelar Messier 20, habitualmente chamada por Nebulosa Trífida, devido às linhas escuras fantasmagóricas que a dividem em três partes, quando observada através de um telescópio.

Nas imagens mais familiares da Trífida, no visível, a nebulosa brilha intensamente tanto na emissão cor de rosa do hidrogênio ionizado como no nevoeiro azulado da radiação dispersa por estrelas quentes jovens. São também proeminentes enormes nuvens de poeira que absorvem a radiação. No entanto, a imagem infravermelha do VISTA é muito diferente. A nebulosa aparece-nos apenas como uma sombra da sua imagem habitual no visível. As nuvens de poeira encontram-se muito menos proeminentes e o brilho intenso das nuvens de hidrogênio, assim como a estrutura em três partes, são praticamente invisíveis. Na nova imagem, como que a compensar o desvanecer da nebulosa, vemos um panorama completamente diferente mas bastante espetacular. As nuvens espessas de poeira no disco da nossa Galáxia, que absorvem a radiação visível, deixam passar a maior parte da radiação infravermelha que é observada pelo VISTA. Em vez de termos uma visão bloqueada pela poeira, o VISTA consegue observar muito além da Trífida e detectar objetos no outro lado da Galáxia, que nunca foram observados antes.

Por acaso, esta imagem mostra um exemplo perfeito das surpresas que podem ser reveladas quando obtemos imagens no infravermelho. Aparentemente próximo da Trífida no céu, mas na realidade sete vezes mais distante, descobriu-se nos dados VISTA um par de estrelas variáveis. Tratam-se de variáveis Cefeidas, um tipo de estrelas brilhantes instáveis que, com o tempo, aumentam lentamente de brilho e depois desvanecem. Este par de estrelas, que os astrônomos pensam ser os membros mais brilhantes de um aglomerado de estrelas, são as únicas variáveis Cefeidas detectadas até hoje que se encontram próximo do plano central, mas do outro lado da Galáxia. Estas estrelas aumentam de brilho e diminuem num período de tempo de onze dias.
http://www.eso.org/public/images/eso1504d/
Comparação de imagens da Nebulosa Trífida no infravermelho (acima) e no visível. Créditos:
ESO / VVV consortium / D. Minniti / Gábor Tóth
Fonte: Etrenos Aprendizes - http://eternosaprendizes.com/

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